sábado, 24 de abril de 2010

Não Dá!


Essa semana li um artigo da Danuza Leão, não me recordo o título agora, mas é muito interessante para nós mulheres. Concordo plenamente com o texto e exponho meu pensamento mesmo parecendo um desabafo.
Em linhas gerais Danuza Leão fala da incapacidade de nós mulheres conseguir ser boas mães, boas companheiras e boas profissionais ao mesmo tempo, e essa é a mais pura realidade. Não somos capazes, não conseguimos, não existem meios físicos que nos permitam!
Ora, a própria autora fala e tenho certeza que muitas de nós concordamos, não existem meios para que estejamos com a aparência impecável em nosso trabalho tendo que levar criança para escola e se preocupar com seu desempenho escolar tendo que viajar a trabalho, participar de cursos, feiras, congressos seja lá o que for. Não conseguimos estar sedutora com a última coleção da Victoria Secrets no corpinho em um jantar a luz de velas com o namorado, marido, noivo, amante, quando temos metas e prazos para cumprir no trabalho ou temos que angariar, manter, dispensar clientes, em pleno final de semana.
Não podemos nos dedicar a maternidade em pleno 2010 se não somos criadas em berço de ouro e vivemos para o casamento, as mulheres de hoje em sua maioria batalham juntamente com seus companheiros, isso quando existe um companheiro, o importante é que batalham e muitas vezes nem mesmo é para torrar o salário em uma Louis Vuitton é para garantir o pão de cada dia mesmo!
É-nos humanamente impossível ser sozinha a super-mãe, a super-namorada, a super-profissional! Não dá, não conseguimos.
Já é o bastante carregar uma barriga por nove meses sofrer com alterações de pressão, de peso, de humor, sozinhas e ouvindo palpite de todo mundo. Já é o bastante sair da faculdade fazer mestrado, doutorado, MBA, aperfeiçoamento e todos os outros 21.712.487 cursos que o mercado de trabalho nos cobra para que consigamos ter um trabalho pelo menos digno. Já é o bastante manter um relacionamento, conhecer a pessoa, engolir sapos de inicio de namoro, conhecer a família e rir das piadinhas idiotas dos tios chatos no domingo e depois ainda conviver com as carências ou com as inseguranças masculinas, sim porque pode não parecer, mas elas existem, e por vezes eu chego a pensar que são maiores que as nossas em alguns casos.
Sem contar que para tudo isso nos é necessário, tempo para se dedicar ao filho, para estudar, para fazer aquele programinha no meio da semana com o companheiro. Dinheiro para colocar o filho no inglês, na natação, no balé. Dinheiro para fazer o nosso inglês, dinheiro para fazer cursos, dinheiro para comprar a lingerie da Victoria Secrets, para o jantarzinho a luz de velas, para a viagem de fim de ano. Ânimo para rever a lição de casa, para participar daquele congresso cheio de pessoas chatas lá no caixa prego, para discutir a relação.
E de repente se por ventura nos tornamos tão potentes assim, com tanto tempo, dinheiro e ânimo, se pararmos para olhar, tudo isso acaba sendo em proveito do filho, do namorado, da futura aposentadoria ou do colégio das crianças e nos deparamos que somos também seres humanos e na verdade precisamos mesmo é de tempo, dinheiro e ânimo para serem gastos com nós mesmas, sem contar os amigos o circulo social que a essa altura já está além do buraco. Depois de tudo isso ainda tem gente que fala que mulher é sexo frágil...




Fernanda Bugai

2 comentários:

Karime disse...

É, Fer... Não tenho filhos, mas não é mole, realmente. Ando num dilema existencial nas duas semanas, por não ter tempo para nada.
É complicado!!!

Beijão!

Bugai Jr. disse...

Nem me fale Ka!!!
Pois foi essa falta de tempo que também me inspiroua escrever! Mesmo sem filhos não temos tempo para nada... Quiçá com filhos rsrsrs

Beijão!
Fer