segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tema da semana: Os Workaholics também amam (mas levam o patrão na lua de mel)

Na Cama Com Dr. Germano

Se tu és aquele tipo de pessoa que esquece os aniversários da família, os happy hours com os amigos, nomes de pessoas, passa muito mais tempo no trabalho do que o necessário, responde emails do Black Berry até na hora de fazer xixi, e principalmente, continua pensando em trabalho quando vai dormir, bem-vindo ao time: tu és um workaholic.
Workaholic é a pessoa que faz do seu trabalho a razão da sua existência, inclusive nos finais de semana, e sente prazer por isso. É a pessoa que abdica dos momentos de lazer com a família e amigos, ou os interrompe, para checar emails no notebook ou fazer uma ligação importante, sem se dar conta do prejuízo que isso causa à sua vida pessoal.
Existem estudos psicológicos que comparam o vício em trabalho ao vício em drogas, mostrando a insônia, instabilidade de humor, falha na memória, enxaqueca, variação na pressão arterial e depressão, como efeitos colaterais. Trabalhar demais muitas vezes pode ser uma fuga ou uma indicação de que há algo muito maior dentro da gente, que não está andando como deveria.
Tenho uma amiga totalmente workaholic que deixou um relacionamento sério ir por água abaixo, por causa de processos, iniciais, reuniões com o chefe e clientes.
O namoro já não ia bem há alguns meses, desde que ela assumiu o cargo de advogada principal em um escritório de advocacia super importante aqui na cidade. Ela trabalhava até altas horas da noite, estava sempre cansada, passava finais de semana grudada em processos extensos e nunca tinha tempo para a família e o namorado.
O sujeito no início foi compreensivo, entendeu que a namorada estava investindo na sua carreira e que era um momento único, mas com o tempo foi se sentindo abandonado, excluído e meio perdido, porque nunca sabia se podia contar com ela nos finais de semana, ou se podia combinar alguma coisa com os amigos.
Um belo dia, como não poderia deixar de ser, eles tiveram uma briga feia e o cara queria terminar o namoro, não queria mais papo, de jeito nenhum. Minha amiga pediu mais uma chance para provar que poderia mudar e ser uma namorada melhor.
Combinaram então, de tirar um final de semana prolongado em Gramado, cidade muito charmosa da região serrana aqui do Rio Grande do Sul. Era inverno, o clima inspirava lareira, vinho, fondue, edredom e noites românticas... Escolheram uma Pousada super charmosa, que, aliás, fui eu que indiquei a eles.
O acordo seria saírem quinta no final da tarde e voltarem segunda pela manhã.
Já na saída, minha amiga deu a mancadinha básica dela: não saía nunca do escritório e deixou o namorado esperando mais de três horas. A justificativa foi que estava resolvendo todas as pendências, para que pudesse se desligar por completo do trabalho durante o final de semana.
Ok, vamos lá...
Tiveram a sorte, pois Deus os presenteou com um final de semana ensolarado e frio, ótimo para curtir os pontos turísticos da cidade.
Ele, o bendito namorado, me contou que tiveram momentos ótimos: compraram malhas, jantaram em um restaurante que serve um fondue m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o, tomaram café colonial, dormiram “de conchinha” com a lareira acesa, estas coisas gostosas de fazer a dois.
Estavam curtindo a última noite na cama com um vinho que inspirava uma noite de sexo caliente, até que minha amiga tinha que dar o ar da graça: no meio do rala e rola, quando o cara estava falando coisinhas picantes no ouvido dela, ela largou: “Meu Deus, esqueci da inicial do Roberto! Tenho que entregar amanhã, senão, o Dr. Germano me mata!”. Desvencilhou-se do namorado, pulou da cama, pegou no notebook e começou a trabalhar.
O namorado, que já tinha exercido que chegue a paciência e a tolerância yogue dele, arrumou suas coisas e foi embora. Deixou-a lá, terminando a inicial do Roberto, que tinha que ser entregue na segunda-feira, ao Dr. Germano.


Karime Abrão

Nenhum comentário: