terça-feira, 25 de maio de 2010

Já Vi Esse Filme Antes


Certa noite cheguei em casa. Estava munida de bombons de chocolate e dois filmes que fazia tempo que ele estava com vontade de assistir. Pensara o dia inteiro naquela noite, nos doces que iríamos comer debaixo das cobertas vendo um filme. Não queria mais nada, a não ser olhar aquele belo sorrido que ele tinha, a sua expressão quando via os chocolates que ele tanto gostava e ouvir as resenha que fazia quando eu pegava o filme que ele queria assistir, me recomendando e contanto como fora produzido, por quem, quais eram os atores (e eu por dentro, ouvia como se nunca tivesse ouvido falar da história, mesmo que já tivera). Naquela noite, queria tudo aquilo de volta, e poderia querer da mesma forma por anos.
Percorri pelo corredor, na busca daquela face encantadora que sempre me esperava lendo um livro na cama. Mas naquele dia, encontrei uma mala em nosso recanto. “Iríamos viajar e eu estraguei a surpresa”, pensei. Logo me toquei que não, se assim fosse, ele teria arrumado tudo antes e não deixaria eu ver, pois sabia o horário que eu chegava. De repente, ele saiu com uma blusa que nunca tivera usado antes, e tantas vezes insisti para que ele a usasse. Olhou-me sério, com o respeito que ainda sobrara por mim. Cumprimentou-me. Retribui. Não entendia, mas ao mesmo tempo não queria entender. Talvez eu tivesse feito algo errado ou alugado os filmes errados algum dia. Mas ele queria tanto ver “Sinais”, onde eu tinha errado na escolha?Me dei conta outra vez que não tinha tirado o filme da sacola, então a possibilidade dele não ter gostado da minha escolha era nula. O sinal estava evidente: a escolha que fez por mim já não lhe bastava tanto. Ou nada.
Pegava suas coisas com a mesma agilidade de quando se mudou para ali. Meus olhos já não eram um ponto fixo para ele olhar. Sentei-me na beira da cama e joguei as sacolas de um modo que os bombons se espalharam pela cama, e um dos filmes saltou. Olhava para o chão, desolada. Olhei de rabo de olho ele parar por um momento e pegar o filme. “Amor, ódio e traição”. Tantas vezes ele havia falado sobre aquele filme. Jogou novamente na cama, de uma forma ríspida. Pegou a mala, e caminhou até a porta. Parou. “A única coisa que eu jamais poderia imaginar é que viveria na vida real a história deste filme”. Passaram-se as horas, eu comia e assistia ao filme aos prantos. Passaram-se os anos. Hoje, dói aqui...na minha consciência.


Bianca Nascimento

2 comentários:

Anônimo disse...

O velho dilema de "a vida imita a arte" ou seria o contrário? Pior mesmo é se tivesse saltado da sacola o "Lua De Fel", filme que todos os amantes odeiam de paixão. Aliás, como diz o prudente slogan: "os amantes nunca sabem quando parar?". Assistiu?
Beijo, VamB.

Mario

Anônimo disse...

Ainda não, vou ver. E acho que a arte imita a vida. Viver é uma arte!

Beijos

Bia