sábado, 1 de maio de 2010

Sorte (Grande) Premeditada


Rômulo sempre foi ambicioso e cheio de desejos e vontades, queria ser alguém na vida, seja lá qual fosse a maneira e o preço para isso. Terminou o colégio e iniciou a faculdade de administração, logo engatou um estágio em um banco, por lá passou seus quatro anos de faculdade até que colou grau e no próprio banco recebeu sua tão desejada e merecida promoção à gerente de pessoa física, muito competente que era viu tantos funcionários irem e virem, ele conhecia a instituição do teto ao chão.
Uma semana depois da promoção aparece a nova superintendente do banco para trabalhar ali naquela agência, a mulher veio de São Paulo, uns vinte anos mais velha que Rômulo, a fama era de Pitt-bull, Marieta, temida Marieta, pobres coitados dos pequenos empresários que não andassem na linha, empréstimo? Era mais fácil tirar seus cabelos que conseguir um... Marieta era detestada por todos na agência, principalmente por Rômulo que estava de olho justamente naquele cargo. Uma chata de galochas, exigente, arrancava o couro da equipe, mas fazer o quê, hora extra de bancário é sempre boa.
Marieta propôs reformas na agência, era incrível como tudo que ela propunha os superiores aceitavam, reforma que há anos era necessária somente Marieta conseguiu! Rômulo passou a trabalhar cada dia mais, cada vez mais, e tudo estava em seus planos afinal para que ter descanso se não se tem dinheiro, seu lema: “o trabalho enobrece o homem”.
Semana vai, semana vem, fecha balanço, cumpre metas, etc. e tal, Rômulo e Marieta engatilham um romance, pelo menos o que parecia, mantinham toda a descrição para que o pessoal da agência não desconfiasse, o programa favorito dos pombinhos era ficar na agencia até muito mais tarde traçando metas, acompanhando contas rumo às promoções e melhorias que a agência e eles mesmos teriam com o sucesso, tomavam café lá, almoçavam lá, jantavam por lá, casa mesmo só para um banho rápido e suas cinco horinhas de sono. Rômulo que se dizia apaixonado, acompanhava cada passo de Marieta, sua meta era a superintendência, para ele o homem deveria chefiar a mulher, o que nunca aconteceu, Marieta se mostrou mais Workaholic que ele.
Ela estava nas nuvens em fisgar um gatinho vinte anos mais jovem, logo Marieta que beirava os cinqüenta, ainda mais Rômulo tão competente e fissurado no trabalho como ela.
Cinco anos passaram, centenas de contas-correntes foram abertas e fechadas, empréstimos feitos, recebido e devido, a agência crescendo cada vez mais, o quadro de funcionários aumentando a cada ano, e os louros à Marieta. Casaram-se numa linda cerimônia onde Marieta fez questão de vestir-se de noiva, todos os colegas de banco foram convidados, o pessoal de São Paulo também veio, claro que tudo terceirizado, eles não tinham tempo para isso!
Nesse dia Rômulo conhece os pais da moça, golpe de sorte dele? Coincidência ou não o papai de Marieta era um dos acionistas do banco. Marieta não quis viajar para lua-de-mel, Rômulo concordou de prontidão, afinal levar a chefe ou o subalterno na lua-de-mel nunca é assim tão interessante, e do que eles precisavam mesmo era de um notebook bem ao lado do cofre.





Fernanda Bugai

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