sábado, 6 de junho de 2009

Pai... dispensável nas famílias de hoje?


Como a maioria de nós já sabemos, a estrutura familiar atual não é a mais a mesma de antigamente, composta por pai, mãe e filhos. De acordo com uma pesquisa divulgada recentemente nos meios de comunicação, de cada três famílias, em uma os pais são separados.

Até aí tudo bem; mas o que eu mais tenho visto são famílias nos quais a figura do pai é inexistente. Na verdade ele até existe, mas ninguém vê. É aquele pai que não se faz presente na vida e tampouco participa do processo de educação dos filhos. Não os visita, não demonstra nenhum interesse em ter alguma proximidade com eles, não paga a pensão...

Aliás, pensão alimentícia é um assunto que sempre gera conflitos quando acontece uma separação - independente dos pais serem solteiros ou casados. De imediato, pensa-se logo no dinheiro. Na cabeça da mulher passa: “Quanto ele DEVE pagar?”. E na cabeça do homem: “Quanto eu POSSO... melhor dizendo, quanto eu QUERO pagar?” As mães exigem cada vez mais e os pais oferecem cada vez menos.

Conheço muita gente que pensa que ignorar a pensão alimentícia não dá em nada. Pois aí é que elas se enganam. A lei é clara: não pagar pode sim, resultar em cadeia. Está presente no artigo 733 do Código de Processo Civil:

Art. 733 - Na execução de sentença ou decisão, que fixa alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em três (3) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

Parágrafo 1º - Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 01 a 03 meses.

Parágrafo 2º - O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas.

Parágrafo 3º - Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

A lei está aí, mas ainda existem “pais” que fazem de TUDO para não pagar (ou pagar o menor valor possível). “Quanto menos, melhor” ou “... eu não tenho nem para mim, vou pagar tudo isso para o moleque como?” são pensamentos que predominam na mente destes indivíduos.
As estratégias utilizadas são diversas. Utiliza-se todos os recursos possíveis e imagináveis. Alguns pedem demissão do emprego, ou trabalham como autônomos para não terem o registro em carteira e com isso, conseguir uma redução no valor. Eu mesma conheço um caso de um “pai” que pediu as contas da empresa onde trabalhava como segurança para não ter que pagar a pensão da filha de 8 anos. E tudo isso para se vingar da ex-mulher. Outros mudam de cidade, de estado. O tempo passa, e com ele, novas técnicas e desculpas são inventadas.

Antes de mais nada, quero deixar claro que NÃO me refiro aos homens que realmente passam por dificuldades financeiras. Na minha opinião, um pai responsável e que tenha um mínimo de amor por seu filho, mesmo diante de uma situação como esta, dá um jeito de ajudar da melhor forma que puder. Me refiro aos sujeitos que têm dinheiro e bens e enrolam, fogem, se escondem; usam mil e um artifícios, enfim... fazem de tudo para não pagar.

O namoro, o casamento, ou seja lá o que for pode acabar, mas a função de pais não termina com o fim do relacionamento. Existe ex marido e ex mulher, ex namorado e ex namorada, mas não tem essa de “ex pai” ou “ex mãe”. O que mais se vê por aí são caras que querem dar uma de “espertões”, mas que na hora H tentam “sair de fininho”. Até onde eu sei, um filho se faz a dois, mas no momento de “assumir a bronca”, estes aproveitadores tentam sair pela tangente. Acham absolutamente normal a mulher assumir toda uma responsabilidade que seria dos dois.

A questão não é apenas o pagamento da pensão. Ser pai significa muito mais do que depositar um valor X ou Y todo mês ou um dar o sobrenome na certidão de nascimento. Mais do que comida, remédios, roupas ou presentes é a relação (ou a falta dela) que os pais têm com seus filhos. Afeto, carinho, cuidado, atenção, dedicação...

Quantas e quantas crianças querem apenas ter a companhia do pai? Os meninos, saírem para assistir ao jogo do time do coração, contar sobre as gatinhas que “pegou” na última balada, os “rolês” com os amigos, o primeiro porre ou até mesmo sobre suas transas? As meninas, apresentar as amigas, o namoradinho novo (apesar do ciúme que geralmente rola nestas horas) ou dançar a valsa na festa de 15 anos?
Quantas crianças querem um abraço, passear nos finais de semana, assistir a um filme, ir às reuniões e festas do colégio, ou simplesmente escutar um “eu te amo?”
Ou seja, mais do que suprir as necessidades materiais é importante suprir as necessidades emocionais.

A paternidade deve ser exercida de forma espontânea e não obrigada. Ser pai exige um compromisso que deve ser assumido de forma integral, e não parcial. Afinal de contas, querendo ou não, um filho é para a vida toda. E pagar a pensão faz parte deste processo, ainda que alguns o façam apenas por medo de passar uns dias no xilindró, vendo o sol nascer quadrado.

Sou plenamente a favor desta lei. Tanto que, se fosse cumprida a risca, com certeza não teriam tantas crianças sem pai no mundo, porque o cara na hora do “bem bom” pensaria duas vezes antes de transar sem camisinha. Porque o que não falta é homem que reclama de ter que pagar a pensão e sai fazendo outras crianças por aí.

Às vezes eu me pergunto se o elemento “pai” é de fato necessário, já que em muitos lares as mulheres são o chefe da família. Também me pergunto (e a vocês também, leitores). Pai presente no sentido material, mas ausente no sentido afetivo... merece realmente ser chamado de PAI?

Camila Souza

4 comentários:

Anônimo disse...

Mila, nesta semana saiu a notícia de que, pela primeira vez, uma mulher foi aceita na justiça americana como "pai" em um processo judicial. Com a engenharia genética, logo será possível insseminar um óvulo com o conteúdo genético de uma outra mulher e fazê-lo fecundar. Eu tinha uma professora de filosofia que dizia que, no futuro, teremos currais de homens, que passarão a só servir para fornecer o sêmen. Na verdade, a ciência está praticamente dispensando os homens. É esperar pra ver como será esse futuro sem pai com mãe.
Beijo, Mila.

Mario

Unknown disse...

A ciência pode estar dispensando os homens, sim, mas daí me lembrei de uma pesquisa
realizada na USP há alguns anos atrás nas FEBENS. Ela revelou que houve um aumento alarmante de jovens delinquentes internados na instituição, sobretudo naqueles que não tem um pai presente na família.
É de se pensar... será que a presença paterna realmente não faz diferença na vida do indivíduo? Não interfere na construção de sua estrutura emocional/psíquica? Não é um fator que de alguma forma seja relevante ao se considerar os relacionamentos que este tem (ou terá) c/a sociedade?

Beijos,
Mila.

Anônimo disse...

Um pai ausente no sentido afetivo com certeza não pode ser chamado de pai.
Também sou a favor da lei e de sua severidade. Tanto o pai como a mãe tem d ser responsável pela vida q geraram. Só que a mãe não vai embora deixando o filho com o pai ( há exceções) e o pai muitas das vezes desaparece.
Eu tenho um “tio” que não pagava a pensão dos filhos dele, minha avó de 70 anos quem pagava, por que ela não queria que as crianças passassem dificuldade. Ela faleceu, hj ele paga para não ir preso. Um ser humano assim não merece respeito...
É uma covardia abandonar uma mulher com essa “carga tão pesada”, não que ela não seja capaz de cuidar, de sustentar, muitas vezes é, só que isso não exime o pai de sua responsabilidade... Essa criança na verdade nem precisa dele, pois é o tipo de cara que nunca terá um gesto de carinho para com o filho. A pensão é apenas um detalhe, mas já que ele não é responsável sozinho está ai um lei q o obriga a ser.

Eu sinceramente acho q um bom relacionamento familiar dispensa títulos como pai, mãe, tio... A pesquisa da USP, mostra o aumento de delinquentes e que a maioria tem pai ausente. Mas essa maioria é relativa, pois se fizerem um pesquisa mas aprofundada, vão constatar que nessa família, a mãe engravidou cedo; moram em favelas; tem muitos irmãos/filhos; o pai batia na mãe( por isso ela se separou) e por ai vai, toda aquela lista que conhecemos e usamos para justificar atos deliquentes. Até por que o menino de classe média alta, que tem mãe e pai presentes, queima pessoas, mata outras e não vai para FEBEM. Este não está na pesquisa da USP.
O que eu quero dizer é que há um conjunto de coisas que levam a marginalidade, sem falar da falta de caráter. Conheço inúmeras pessoas que não tem pai ou não tem a mãe ou não tem os dois e são pessoas idôneas. Aqui mesmo no blog nos podemos encontrar.

O relacionamento familiar tem d ser sadio, não importa se com a avó, com a mãe, com o pai... As crianças precisam apenas de exemplo e carinho.

Agora sobre a notícia citada pelo Mario... Eu admito que fiquei animada e até pesquisei sobre, qdo eu ouvi pela primeira vez. Para minha vida é ideal, mas não sei até que ponto esta correto. Acho q não poderia ser aberto para todas as mulheres. Vai virar uma zona.

Às vezes a ciência me preocupa...


EXCELENTE TEXTO CAMILA.
É POLÊMICO.
VEM DISCUSSÃO POR AIIIIIIII
(risos)


Beijos


Ariam

Anônimo disse...

Boa - tarde !
Excelente texto !
Não sei o porquê mas , neste exato momento , lembrei - me do filme Júnior em que um homem fica grávido .
Tenha um excelente final de semana !
Com carinho ,
Luciana do Rocio .