sábado, 17 de abril de 2010

Cabra da peste


Carmo que partiu naquele barco rumando o horizonte do infinito mar deixou para trás Dira e seus filhos até mesmo o fruto de seu amor...
Pois bem Carmo desembarcou noutro porto, ambientou-se fez amizades e ali se instalou. Continuou com seu jeito de cabra macho e conquistador, daqueles que conquista num só olhar e não deu outra, Carmo encontrou Zilda ou Zildinha para o pessoal da vila, uma senhora um tanto quanto mais velha que ele, viúva do dono da maior peixaria do porto, era uma boa pessoa um tanto quanto tímida muito embora fogosa como só o falecido soubera.
E não deu outra, bastou a primeira festa na vila que Zildinha já caiu nos encantos de Carmo, meio acanhada no inicio, mesmo assim dançou com ele a noite inteira, mal sabia ela que Carmo já sabia do seu currículo completo. Dos dois filhos casados que moravam na cidade grande, que ela morava sozinha após a morte do marido e claro astuto como é sabia que a solidão acompanhava aquela senhora.
Conversaram a noite toda, nos dias seguintes Carmo separou a melhor pesca para a peixaria de Zildinha, que resistia tentava manter a postura de viúva enquanto suas veias fervilhavam por baixo do vestido de chita.
Carmo levava a melhor pesca, azia bom preço, dava conselhos e toques sobre os companheiros, trocava uma lâmpada aqui, arrumava uma janela ali e aos poucos foi se aproximando, dia que não pescava ficava rodeando a venda, atendendo clientes, dava uma olhada no negocio enquanto Zilda fazia as coisas de casa ou da rua, sem cobrar um só tostão!
Dessa vez foi mais demorado, foram três meses de cordialidade para que Carmo arrebatasse o coração de Zildinha que não resistiu e cedeu aos “encantos” de Carmo que era vinte anos mais jovem que ela. Logo Carmo já estava lá assumindo o posto do falecido, passava de braços dados com Zildinha na feira, cuidava da peixaria em dias que ela deixava de trabalhar coisa que em trinta anos de casamento nunca havia ocorrido. Ah o falecido se revirou no caixão, mas pouco importava, Zildinha agora tinha quem por ela olhasse, amasse, guardasse, protegesse e cuidasse, sim pois cuidar era o que Carmo fazia de melhor, afinal peixe era com ele mesmo...
Carmo logo começou a ficar mole, pescava dia sim dia não, o melhor peixe não trazia, falava que a pesca não foi de sorte, mas a vila toa sabia que os melhores peixes ele vendia já no desembarque do porto para garantir seu pé de meia...
Com o tempo Zildinha teve que voltar a comprar peixes dos colegas de Carmo, porque este se dizia cheio de moleza e desaprendido o oficio, se dizia agora apenas ajudante dos companheiros porque não pescava, mas a vila toda sabia que as pescas de Carmo continuavam e rendiam há como rendiam, mas ficavam todas para seu pé de meia.
Alertada Zildinha foi, mas de que importava, ela deu cama, comida e roupa lavada, pois Carma olhava por ela, cuidava, protegia, guardava, amava. Pelo menos em seu pensamento.
Os falatórios logo iniciaram em toda a vila, o que teria acontecido com Zildinha? Não percebia as atitudes de Carmo? Não percebia que a pesca rendia? Não via as raparigas do porto em volta dele nos dias de festa? Não sabia da historia de Dira? Não respeitava a memória do falecido?
-É nada disso não minha gente, Carmo me ama e fica me rodeando é pra cuidar de mim!
-Eita Carmo, virou agora gigolô foi?
-Gigolô não meu amigo, que eu sou é cabra da peste!




Fernanda Bugai

2 comentários:

Andressa disse...

Adorei.. é mais ou menos dessa forma que os casamentos são msm...
Espero que o meu que ainda está n começo não fique assim.
Bjos Feu
espero que lembre de mim :D
bjos

Anônimo disse...

Que legal Andressa! Muito obrigada por participar! É claro que eu me lembro, dos tempos de escola ainda... Espero vc aqui mais vezes :D

beijão
Fer