segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tema da semana: Gigolôs

Hoje é dia de estreia no blog. Nikolle Koutsoukos Amadori é advogada, mestra e DJ. Fala grego e inglês, e estuda fotografia, cinema e jornalismo. Cosmopolita, já morou na Europa e viajou por países de culturas bem peculiares como Camboja, Vietnam, Laos e Sri Lanka. Ama poesia e Gabriel Garcia Marques. Sósia de Reese Whiterspoon, ela já avisa que está fazendo rodízio de nacionalidade dos pretendentes, sendo que portugueses e gregos nem adianta mandar currículo. Bem-vinda ao time, Nik.


Manual Do Gigolô Contra Barricada Paterna



O maior dificultador dos planos de um gigolô vem sempre em dobro: os pais da moça/vítima. Geralmente eles sentem o cheiro da espécie a uma boa distância. E sabem que sua menina trabalhadeira e herdeira próspera é alvo fácil de tipos sedutores que querem levar uma vida mansa. Então, pensando nesses carismáticos bon vivants, aqui está um manual de como driblar essa dupla de rei e rainha do baralho. As cartas estão lançadas.

1ª) Vista-se de acordo. Não precisa ser um Armani, mas nada de camisas de time de futebol, banda de rock ou com estampas xadrez que fazem você parecer um bicheiro. Preferencialmente investigue o figurino do pai da preciosidade e imite-o. O progenitor olhará para você e pensará "bom, não é possível que um sujeito que veste casaco de algodão egípcio seja má pessoa". Se não tiver grana para tanto, compre umas golas polo Lacoste falsas do Paraguai. Se o jacarezinho estiver bem visível, é o que basta.

2ª) Faça uma imersão cultural. Os pais da moça torcerão o nariz se você não for páreo para discutir artes plásticas, música clássica e cinema europeu. Na primeira oportunidade, soltarão um “mas como você não sabe soletrar Krzysztof Kieslowski?!?”.

3ª) Ostente. A insegurança dos pais de ter na família um encosto financeiro se quebra se você mostrar que tem um certo padrão. Então, ande com estilo. Conte com os amigos nessa hora. Empreste o carro daquele seu primo bem de vida para pegá-la num final de semana. O mesmo vale para aquele celular último modelo que orgulha seu colega de gigolozices. Mas não exagere, nada de jóias grossas e douradas, senão você parecerá ou novo rico ou gangster.

4ª) Registre seu email no lonely planet e faça um intensivo de lugares interessantes no mundo. Dê preferência àqueles mais exóticos, eles estão na moda agora e são considerados super chiques. Não esqueça de prestar atenção em nomes de restaurantes pitorescos da riviera francesa e das cidadelas da costa malfitana. A mãe da garota com certeza irá se encantar com seu papo.

5ª) Olhe sua postura. Aconteça o que acontecer, coluna reta, ombros alinhados, cabeça erguida e aquele olhar compenetrado. Saiba utilizar o manual do “corpo fala” a seu favor. Pense que o tal livro deve ser um daqueles de cabeceira do pai da moça para identificar possíveis perigos na área.

6ª) Cuidado com o conjunto. Carro limpo, sapato lustrado, relógio não esportivo... Qualquer detalhe pode denunciar sua verdadeira identidade.

7ª) Faça uma aula de etiqueta básica para saber escolher entre mil taças, talheres e pratos quais são os mais adequados para cada ocasião, além de aprender a cumprimentar, servir e se comportar em eventos sociais.

8ª) Use vocabulário requintado mas não prolixo, evite linguajar rebuscado porque mais parecerá um político do que um bom partido (é o único caso em que político e partido não combinam).

9ª) Use sempre de gentileza no trato da moça, abre a porta do carro, deixe-a entrar nos lugares antes de você, seja gentleman até na padaria da esquina.

10ª) E, por último, mas não menos importante, finja que você trabalha. Ninguém vai cobrar carteira assinada, portanto trate de inventar uma ocupação, seja ela investidor da bolsa ou mesmo algo confidencial (agente do serviço de inteligência, por exemplo) para evitar maiores questionamentos e parecer importante. O principal é que pareça que você tem um emprego e ganha consideravelmente bem.

Mas calma, não se assuste. É uma empreitada compensadora. Passando no teste, é sombra e água fresca pro resto da vida, ou até durar a grana da família. Sim, porque gigolô que é gigolô de verdade larga o barco antes que ele afunde e encontra abrigo em outro iate rapidinho. Daí são novas cartas na mesa.



Nikolle Koutsoukos Amadori
Colaboração de Mario Lopes

Um comentário:

Karime disse...

Adorei! Consegui visualizar o tipo do "sujeito".

Beijo, Nik