
Por fim até o verso mais íntimo se torna neutro
Todo amor é composto por palavras recicláveis
E as sentenças privadas tornam-se sempre públicas
Amar o novo é acrescentar adjetivos diferentes ao velho
É grifar palavras novas em um texto antigo,
perceber as coisas que podem rimar ao acaso
E, no entanto, a elucidação não tira o encanto da dúvida
Nem o fulgor da expectativa
Todo novo concentra em si uma partícula do velho
E todo velho se manifestará em algum momento no novo
Vivemos em círculos,
e ainda assim, sempre erramos o caminho.
Jéssica Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário