sexta-feira, 2 de julho de 2010

Looping



Por fim até o verso mais íntimo se torna neutro

Todo amor é composto por palavras recicláveis

E as sentenças privadas tornam-se sempre públicas

Amar o novo é acrescentar adjetivos diferentes ao velho

É grifar palavras novas em um texto antigo,

perceber as coisas que podem rimar ao acaso

E, no entanto, a elucidação não tira o encanto da dúvida

Nem o fulgor da expectativa

Todo novo concentra em si uma partícula do velho

E todo velho se manifestará em algum momento no novo

Vivemos em círculos,

e ainda assim, sempre erramos o caminho.





Jéssica Ferreira

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