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Quando criança, ela desejava ser veterinária.
Cresceu, e acabou tornando-se uma cadela.
Da escritora, que um dia quis ser,
Tornou-se um rabisco medíocre,
feita de linhas tortas.
Do baile de formatura,
da valsa com o pai,
do álbum de fotos que todos deveriam ter
Ela só teve um vestido rasgado
O corpo, que sofreu tanto pudor rigoroso
Vive agora, a regra de pertencer a todos
Mas hoje, esse é um corpo que ninguém mais quer
Do único homem que nunca lhe prometeu coisas que não poderia cumprir
Ela guarda somente o número da lápide
E uma tentativa fracassada de extorquir o coveiro
De todos os outros que passaram
Ela só tem as cicatrizes
Dos sonhos que teve,
hoje só lhe resta a saudade.
Jéssica Ferreira
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